Mineroduto: Discussão retorna a Câmara
Há algum tempo a passagem do mineroduto por Viçosa tem sido alvo de diversas discussões. As opiniões são controversas, dificultando consensos.
Preocupado com algumas conseqüências que a construção do mineroduto poderá acarretar, o estudante Luiz Paulo Guimarães utilizou a tribuna livre na reunião desta terça-feira (24), para instigar que o tema seja melhor debatido.
A maior preocupação de Luiz Paulo é o sério problema da falta de água que poderá se desencadear. “Poucas pessoas sabem, mas a passagem do mineroduto da Ferrous prejudicará totalmente o manancial São Bartolomeu, principal fonte de abastecimento da nossa cidade. Ao todo serão cerca de 35 nascentes prejudicadas”, alertou.
O estudante lembrou dos sérios problemas com relação a falta de água enfrentados por alguns bairros no início deste ano, quando os índices pluviométricos são maiores. No projeto, o mineroduto deverá passar por cima dos córregos e nascentes que fortalecem o Ribeirão.
Ao fim de sua fala, Luiz Paulo convidou todos a participaram da Assembléia Popular que será realizada na Câmara, dia 5 de maio, à partir das 9h00, para discutir o problema.
Tentando esclarecer o assunto, o Presidente da Casa, Vereador João Batista Teixeira (PR) explicou que o Executivo Municipal não tem autoridade sobre a passagem do mineroduto. “Foi declarado de utilidade pública e não depende da opinião do Executivo”, disse. Completou ainda, explanando que os minerodutos seriam a tecnologia de menor impacto ambiental para o transporte de minério.
O Líder do Prefeito na Câmara, Vereador Marcos Arlindo Pereira (PV) parabenizou Luiz Paulo pela luta e afirmou que a passagem do mineroduto não é desejada por nenhum membro do poder municipal. “Temos que pensar também nos outros fatores que vem prejudicando o manancial, existem muitas casas invadindo as nascentes e há esgoto sendo escoado lá”, lembrou.
Citando os problemas para conseguir licenciamento de uma construção na Praça do Rosário, por estar próxima a uma nascente, o Vereador Marcos Nunes (PT) enfatizou que a situação do mineroduto e das nascentes deve ser criteriosamente discutida. Exemplificando, o vereador mostrou em números que a companhia de mineração Vale do Brasil, com o lucro líquido de um ano, sustentaria uma cidade como Viçosa por cerca de 300 anos. “Lucro esse de apenas vender o minério. Ele poderia ser processado aqui, gerando lucro e emprego à população”, idealizou, explicando que o minério é vendido para a China e os empregos gerados na mineração no Brasil são poucos. “Royalties não resolvem o problema. Temos que pensar que é a nossa riqueza indo embora”, finalizou.