Cultura: Audiência Pública discute ações

por vca — publicado 17/05/2012 15h53, última modificação 11/03/2016 09h09
16/05/2012

A inclusão de Viçosa no Sistema Nacional de Cultura já tem data marcada. Acontecerá no dia 30 de maio. Esse foi um dos anúncios feitos ao plenário lotado, na Audiência Pública sobre cultura que aconteceu na noite desta quarta-feira (16).

A audiência foi solicitada por meio do requerimento de nº 016/2012, de autoria do Presidente da Comissão Permanente de Educação, Cultura e Esporte, Vereador Marcos Arlindo (PV), que também é líder do Prefeito na Casa, objetivando que se discutisse a implantação do Sistema Nacional de Cultura (SNC) e a implementação do calendário cultural, bem como a realização da Marcha Nico Lopes 2012 e do Carnaval 2013.

O requerimento ainda foi assinado pelos membros da Comissão, Vereadores Cristina Fontes (PMDB) e Marcos Nunes (PT).

Presentes na reunião, além dos já mencionados, também estava o Presidente da Casa, Vereador João Batista Teixeira (PR) e o Secretário da Mesa Diretora, Vereador Antonio Elias Cardoso (PR).

O Presidente da Comissão Permanente presidiu a reunião, e a mesa foi composta pelo Vereador João Batista; pelo Secretário Municipal de Cultura e Patrimônio, Antônio Luis Miranda; pelo Ativista Cultural, Geraldo Luis Andrade; pelo Gestor de projetos culturais, Marcelo Andrade; pela representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFV, Paola Castro; o representante da Câmara de Dirigentes Logistas, Ricardo Batista; e a Presidente da Casa de Referencia à Cultura Afro Brasileira, Andréa Ribeiro de Oliveira.

Para João Batista, o exemplo que se tem dado com a realização de audiências públicas acontecidas nos últimos meses é de cidadania. “Boas audiências foram realizadas, o plenário sempre cheio. Essa participação popular nas decisões do nosso município são muito importantes, ficamos felizes... Estamos aprendendo a exercer nossa função de cidadão. O cidadão tem que cobrar, buscar, para que as coisas aconteçam”, afirmou.

Marcos Arlindo, ressaltou a importância das reuniões prévias que vem acontecendo a um mês para a discussão de alguns pontos. “É um prazer estar aqui presidindo essa reunião. Com a adesão ao sistema, iremos dar um passo grande. Sonho em ver nos bairros distantes um projeto lindo voltado para cultura com mais força, mais poder, mais recursos! Com a força do povo e a boa vontade dos poderes Legislativo e Executivo, o resultado só pode ser bom. Essa união é muito importante. A cultura é a grande força, a grande ferramenta”, disse.

O Secretário também enfatizou a união das forças em prol de benefícios para Viçosa. “Nós já estamos dando andamento em um projeto para alavancar o sonhado teatro na nossa cidade. Não vamos deixar morrer as idéias para alavancar a cultura no município depois dessa audiência. Hoje pode ser só um sonho, mas queremos e podemos fazer disso a nossa realidade”, expôs. Antonio Luis pediu para que a Assessora de Eventos do Departamento de Turismo da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Brenda Santunioni, apresentasse algumas fotos de eventos culturais promovidos no município.

Geraldo, externou sua alegria pelo acontecimento da audiência, “sou artista, sou apaixonado pela cultura e sinto uma dificuldade muito grande de fazer cultura e sei que muitos se sentem assim também. Temos que interpretar esse momento como uma virada da classe cultural”.

Segundo Geraldo, a política cultural do município não insere todos e a audiência seria uma grande oportunidade para que isso possa mudar. O ativista cultural entregou ao Vereador Marcos Arlindo um relato sobre tudo que foi apurado sobre o SNC, depois da classe artística ter abraçado a causa e estudado todo o sistema. “Muitos dos problemas de Viçosa se sanariam com uma maior participação popular”. Dessas reuniões também foram retirados encaminhamentos que se transformaram em um projeto de lei. O projeto também foi entregue a Marcos Arlindo.

Marcelo Andrade disse a muito ter sonhado com essa articulação da comunidade. “Fiquei empolgado com tudo que vi. É uma virada de fato. A burocracia é ferrenha, mas a união ajuda a movimentar tudo. É satisfatório ver a força cultural de Viçosa”, disse.

Ricardo Batista contou das dificuldades em alugar um espaço para apresentações teatrais. “Viçosa precisa de um auditório, um local para que a comunidade viçosense possa ir aos finais de semana, onde eles encontrem lazer”, sugeriu.

A representante do DCE afirmou que sua presença na mesa principal indicava um elo com cidade. Paola trouxe um pouco da Marcha Nico Lopes, evento cultural da UFV há muitos anos feito por estudantes. “Queremos uma Nico Lopes plural, que realmente faça um diálogo com a cidade. Queremos a participação de todos os grupos culturais, estudantis ou não, essa articulação é essencial para manter as características culturais do evento”, convidou.  Completou com um pedido de apoio mais efetivo e a inclusão da Nico Lopes do calendário cultural do município.

Andréa, falou sobre o trabalho da Casa de Referência e os projetos e pretensões. “Sentimos falta de uma política mais clara, com verbas, que atenda nossos anseios”, afirmou.

Cristina Fontes disse que vendo a importância da audiência, a Casa precisa ser provocada. “Nós temos o verbo, não temos a verba. Mas juntos podemos conquistar”, expôs. Em sua fala, deu espaço para Genuíno Carvalho, estudante, apresentar um projeto de sua autoria. Ideias de reformular o cenário de eventos em Viçosa, criar novas opções de lazer e a abrangência de cidades próximas foram apresentadas.

Antônio Elias agradeceu a Geraldo por ter provocado a Casa a fazer a audiência. “A cultura pode transformar, sei que vamos ganhar muito com isso”, manifestou.

“Essa provocação e o SNC vêm mostrar como se deve trabalhar. Sabemos que a prefeitura tem dificuldades, precisamos de avanços. Estamos aqui para contribuir e quero me comprometer em verificar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e ver o que ela apresenta sobre a cultura. Estou a disposição para auxiliar todo o processo”, dispôs.  

 

Participação popular e encaminhamentos

A partir da participação da população é que foram feitos a maior parte dos encaminhamentos. Integrantes dos mais diversos grupos culturais do município pediram mais espaço, deram sugestões e incentivaram que os planos e projetos da audiência fossem levados a diante.

Melhorias na estrutura física da Secretaria de Cultura e Patrimônio, conferências de políticas culturais, criação de um Conselho Municipal da Juventude, estímulo as atividades artísticas, espaço físico para os tropeiros e resgate da história cultural, complementar a agenda cultural do município, elaborar uma plataforma para dar continuidade ao diálogo, espaço para o grupo Doutores do Amor, criação d em Plano Municipal de Cultura, criação de um Fundo Municipal para Cultura, formação de um grupo de possa monitorar todas as atividades na adesão ao SNC, desburocratização da legislação, notar dentro do projeto da lei a diversidade que existe, pensar na cultura como profissão, mais verbas para as escolas de samba. Essas foram algumas as reivindicações feitas pela população e anotadas como encaminhamentos.

Mais verbas para a Casa de Referência, espaço municipal para eventos, estímulo a capoeira e outras representações artísticas, eventos em ar livre, encontro de bandas de música em Viçosa, produção de um inventário cultural para o calendário cultural, foram outros encaminhamentos da reunião.

Um grande anseio das pessoas que tiveram participação foi o investimento em cultura no cotidiano, no dia a dia. A construção cultural para as crianças também foi muito bem lembrada e discutida.

Guilherme Meneses, estudante, disse ter dificuldade em conceituar cultura, e pediu que Marcelo falasse sua concepção. “Cultura é vida. É tudo que cerca o ato de viver. É o ser humano em todas as suas atividades, em todo seu viver. Cultura é tudo, é saúde, educação, é vida pulsante. É a gente com o todo e o todo conosco”, emocionou Marcelo.