Projeto Comunidade Ativa é apresentado na Câmara

por vca — publicado 07/05/2014 13h34, última modificação 11/03/2016 09h08
07/05/2014

Na reunião ordinária da terça-feira (06), o Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFV, Marcelo Ottoni Durante apresentou o Projeto Comunidade Ativa que visa à organização da sociedade e redução das desigualdades sociais como estratégia de prevenção da criminalidade violenta e o uso de drogas.

Inicialmente, Marcelo expôs um diagnóstico em que se verificou, por meio da análise das ocorrências registradas pela Polícia, que nos últimos três anos no município, houve crescimento significativo da criminalidade violenta (homicídios e roubo) e tráfico; que essa criminalidade está concentrada em regiões desorganizadas socialmente e traçou o perfil de que os criminosos, em sua maioria, são jovens, homens, solteiros e com ensino fundamental incompleto.

Ele pontuou que foi feito um mapeamento das áreas da cidade de onde se concentram os crimes, “foi detectado que nos bairros Nova Viçosa, Posses, Vau Açu, Santa Clara, Santo Antônio e Bom Jesus, os crimes são mais evidentes. Infelizmente, são bairros que sofrem com problemas de calçamento, saneamento básico, acesso à saúde e disponibilização das escolas, áreas que necessitam de uma maior atenção das políticas públicas”.

Marcelo pontuou que uma segunda pesquisa foi entrar no presídio e entrevistar os presos sobre a história de vida deles, “perguntamos como que foi a infância, como era a relação familiar, na escola, a busca pelo emprego e as oportunidades que a vida deu a eles. E nós notamos jovens marcados pela exclusão social; deficiência nas instituições socializadoras primárias; vivência em uma sociedade desviante onde predomina o hedonismo e o consumismo; presença do vício da droga que cria a necessidade do dinheiro e incompatibilidade com disciplina e residência em regiões com muitas oportunidades para o envolvimento com a droga e criminalidade”.

Ele destacou que o plano de ações será focado no diálogo com as pessoas das comunidades, para se pautarem nas políticas públicas que elas desejam. “O nosso fundamento é organizar a sociedade, principalmente, essas comunidades mais atingidas, para que elas possam aprender a se organizar entre si, para lutarem pelos direitos, identificarem seus problemas e alcançarem um objetivo comum”.

“A nossa principal meta é conseguir promover na comunidade, especialmente entre os adolescentes e jovens, a adoção de uma perspectiva de vida fundamentada na crença na capacidade de construir um futuro melhor por meio do esforço próprio através da educação e do trabalho e do convívio social baseado no respeito”, salientou Marcelo.

Dentre as ações propostas pelo projeto estão: organizar a população em associações comunitárias ativas e participativas; estabelecer os centros comunitários como base física para a execução da política e espaço de promoção do convívio pacífico entre as pessoas; inclusão social dos jovens por meio de cursos profissionalizantes, criação de espaços físicos para atividades profissionais (marcenaria, serralheria, lavanderia, etc) e a criação cooperativas para reunir os jovens para prestação de serviços; estimular os valores de paz e respeito entre os jovens por meio de parcerias com as escolas para execução de atividades de esporte e discussões sobre temas polêmicos; implementar um espaço de mediação de conflitos e executar ações educativas para difundir a cultura de solucionar os conflitos por meio do diálogo; e o apoio psicossocial às famílias cujos membros se envolveram com a criminalidade e  orientação para os usuários de drogas que solicitarem ajuda no sentido de promover a sua recuperação.

As atividades propostas pelo projeto serão executadas já a partir do primeiro semestre na região de Posses, no caráter de projeto piloto. “Estas atividades serão executadas em cada uma das seis regiões e se articularão continuamente constituindo o ciclo de gestão orientada por resultados efetivos”, afirmou Marcelo.

Entre os parceiros do Projeto, estão a Prefeitura, a UFV, as Polícias Civil e Militar e os Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP); de Políticas sobre Drogas (COMAD); e da Criança e do Adolescente (CMDCA).

“Não estamos aqui para criar novas instituições, mas para pegar o que já existe e agir no coletivo, queremos atacar as faces dos problemas e conseguir resultados efetivos, por isso contaremos com o apoio de uma série de atores, órgãos públicos, entidades, conselhos e comunidade. Todos devem se mobilizar para que possamos alcançar um resultado efetivo”, finalizou.

O representante da 97ª Cia da Polícia Militar de Viçosa, Sargento Luilton Bernardo também participou da apresentação.