Situação do abastecimento de água na UFV é exposto em reunião

por vca — publicado 05/11/2014 11h32, última modificação 11/03/2016 09h08
05/11/2014

Na reunião ordinária da terça-feira (04), o Chefe da Divisão de Água e Esgotos da Universidade Federal de Viçosa, Professor Rafael Bastos falou sobre a situação do abastecimento de água na UFV, a pedido do Vereador Sávio José (PT).

Inicialmente, o Professor pontuou: “A crise com a água que estamos vivendo é anunciada, nós somos responsáveis por isso, à sociedade e o poder público. A voracidade que utilizamos dos recursos do Ribeirão São Bartolomeu, tornou a situação insustentável. O que me alenta é que eu espero que a crise que chegou com força, renove as atitudes perante os recursos hídricos da cidade que são escassos, atitude de mais responsabilidade. Esperamos que a população, os poderes Legislativo e Executivo, e empresários possam tratar essa questão com um pouco mais de cuidado.”

Ele comentou que a UFV, assim como a cidade passa por um racionamento. “A universidade foi obrigada a fazer cortes drásticos no abastecimento de água. Hoje, a UFV capta do Ribeirão São Bartolomeu trata e distribui no campus 50% a menos do que antes tratava e distribuía em períodos normais. Captamos na represa em frente ao Supermercado Escola um montante de água de 12 litros por segundo; até semana passada eram 10 litros, em tempos normais fica em torno de 22 litros por segundo.”

E completou: “Nesse mesmo local, o SAAE captava 100 litros por segundo, e hoje, capta 33 litros por segundo. Essa captação é indispensável à autarquia para manter o abastecimento das partes altas da cidade, que não conseguem ser compensadas pela ETA II, que utiliza o Rio Turvo. Na atual situação, o SAAE juntando ETA I e ETA II trata e distribui em torno de 140 litros por segundo e a UFV capta e trata 12 litros por segundo”.

Com essa colocação, Rafael salientou: “Este é o primeiro mito que eu queria desfazer- que a UFV coloca em risco o abastecimento da cidade. Nós, não representamos nem 10% do consumo de água do município”.

O Professor ressaltou que a universidade está fazendo operação de redução de consumo, e em alguns prédios, como divisão de saúde, alojamentos e biblioteca, está sendo entregue cerca de 90 a 100 mil litros de água por dia com caminhão pipa, tiradas de poços artesianos dentro do próprio campus.

Outro esclarecimento prestado pelo Chefe da Divisão de Água e Esgotos é com relação à paralisação das aulas. “A UFV não parou as aulas, pois, primeiramente, nós não representamos nem 10% do consumo de água. Segundo, de acordo com os nossos dados a água utilizada no campus independem das aulas, porque as pesquisas, produção, moradias e outras atividades não param.”

Rafael Bastos ainda destacou que a UFV sempre teve seu sistema de abastecimento próprio e explicou o funcionamento do racionamento. “Todos os dias, nós calculamos os níveis das represas. A quantidade de água captada por semana tem sido pactuada, semanalmente, em reuniões com o Ministério Público e SAAE, visto que há um entendimento que temos o mesmo problema e as mesmas responsabilidades.”

“O que estamos fazendo, terá que continuar sendo feito junto ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e a Agência Nacional de Águas, pois teremos que buscar alternativas. A UFV está se movimentando, e a única alternativa para a instituição é a captação de água subterrânea. Porém, não basta à universidade e o SAAE buscar as alternativas, é preciso que não deixemos o São Bartolomeu morrer. Que coloquemos a mão na consciência em uma discussão definitiva, não se pode permitir o avanço urbano e imobiliário nas nascentes do ribeirão”, afirmou o Professor.

De acordo com Rafael, é necessária a revisão do Plano Diretor, “no sentido de redirecionar o crescimento da cidade para outras áreas que tenham água. Buscaremos nossas soluções técnicas, mas não basta. É preciso ações políticas para mudar a forma como tratamos os nossos recursos hídricos”, finalizou.