Funcionários do HSS esclarecem sobre atendimento a idosa
Atendendo ao Requerimento de nº 02/2020, de autoria do Vereador Helder Evangelista (PTC), a Câmara Municipal recebeu na reunião Ordinária da terça-feira (18) a Diretora Administrativa do Hospital São Sebastião (HSS), Ildamara Gandra de Menezes, o Médico do Hospital, Rodrigo Augusto, e a Enfermeira Chefe, Priscilla Montezano, para tratar sobre o ocorrido na sexta-feira (07) com a idosa do Lar dos Velhinhos que teve seu atendimento incapacitado e veio a falecer.
A presença dos funcionários do Hospital São Sebastião deu-se pela fática situação que aconteceu com a idosa. Segundo a "Nota de Repúdio", divulgada pelo Lar dos Velhinhos, a senhora apresentava quadro clínico grave, tendo que frequentar o Hospital com regularidade, e na manhã do dia 07 precisou de atendimento emergencial, mas teve seu pedido negado. O Vereador Helder agradeceu pela presença dos representantes do HSS, “tomei a liberdade do convite para que fosse feito um esclarecimento para nós, vereadores, e para a população sobre o incidente, tendo em vista as diversas críticas ao hospital nas redes sociais quanto ao tratamento, a recepção e a retirada da idosa no hospital”, explicou.
Em justificativa ao ocorrido, a Diretora Administrativa esclareceu que os relatórios sobre o fato foram feitos da forma mais precisa possível e alegou defender seu corpo clínico tendo vista os resultados averiguados, “temos documentos comprovando que realmente não tínhamos leitos disponíveis. O setor de emergência e nossas macas estavam lotadas no momento e como ela já tinha um diagnóstico prévio, e estava acompanhada pela médica do Lar dos Velhinhos, que faz parte do nosso corpo clínico, a decisão mais cabível no momento foi pedir para que ela fosse transferida, o quanto antes, para o Hospital São João Batista". E salientou, "hoje, o hospital atende cerca de 70% de toda a região, uma sobrecarga que temos que lidar diariamente”.
O Médico Rodrigo Augusto, reforçou a fala da Diretora Administrativa dizendo que o principal empecilho para o fato foram as limitações físicas do hospital, “não houve erro, nem má fé e sim a falta de espaço físico e de qualidade para socorrer a idosa”, afirmou. A Enfermeira Chefe Priscilla ainda reforçou a solidariedade que o HSS tem com o Lar dos Velhinhos, “é uma instituição na qual temos contato todos os dias e já temos uma afetividade boa com os idosos que frequentam o hospital cotidianamente. Não foi por mal cuidado que tivemos que pedir por essa ação de deslocamento”, alegou.
Entretanto, o Vereador Geraldo Luís Andrade (Geraldão) (PTB), apresentou novas informações para a discussão, mencionando ainda estar confuso quanto ao problema que impediu, realmente, o atendimento da idosa, “me corrijam se eu estiver errado. De acordo com os documentos, a idosa passou mal, foi atendida pela médica vinculada ao Lar dos Velhinhos, num segundo momento foi levada ao hospital onde não havia boxes disponíveis, só que já havia uma espécie de prescrição, que demandava imediatamente oxigênio para a idosa, logo, não seria melhor encaminhar essa senhora para um ambiente de internação para receber o oxigênio?”, indagou. O Presidente da Casa, o Vereador Antônio Elias (PTB) prestigiou o parlamentar pela nova perspectiva da situação apresentada.
Segundo o Médico Rodrigo Augusto, o atendimento aos pacientes não pode se dar de 'qualquer forma, a não ser em caso de calamidade pública'. "Não acho digno e moral. A outra médica também não deu um parecer se ficaria ou não a cargo da internação da paciente e eu já estava a cargo dos pacientes da emergência, inclusive lidando com pessoas que estavam passando por ataques cardíacos”, disse. Geraldão, contra-argumentou, “para finalizar, temos que superar a situação do box e da triagem pela profissional que fica no Lar dos Velhinhos. Ratifico que não quero crucificar nenhum profissional, porque todos nós somos passíveis de erros, mas a conduta médica dá a liberdade do profissional de não assumir a internação de um paciente em risco vermelho? O conselho de ética da profissão poderia apurar isso e entender como uma negligência, um delito do ponto de vista do protocolo?”, questionou. A Diretora Ildamara respondeu afirmando que a situação foi levada ao conselho de ética e que o Hospital aguarda as decisões que serão tomadas com o retorno do conselho.
O Vereador Wallace Calderano (PSC) demonstrou-se inconformado com a situação, “os dois médicos sabiam que ela precisava do oxigênio urgentemente e não a deixaram no leito com o oxigênio por não haver monitoramento?”, indagou. O Vereador Helder Evangelista (PTC) reforçou o desgaste da situação, “essa situação foi um desgaste para as duas instituições que poderiam ter resolvido de uma forma melhor. Na minha opinião, acho que houve 'maior' falha da outra médica por ter diagnosticado como grave a situação da idosa, mas não ter verificado se havia leito com oxigênio, mas não tiro a negligência dos envolvidos. Espero que o conselho de ética tome a melhor decisão”, salientou.
O Presidente Antônio Elias deu como encerrada a discussão e lamentou o falecimento da idosa, “no final, depois desse conflito de ideias entre os profissionais, dos problemas quanto a infraestrutura, e a transferência para o Hospital São João Batista, perdeu-se uma vida. Volto para casa cheio de dúvidas, nós vereadores somos impossibilitados de fazer uma fiscalização centrada, como fazemos com a Prefeitura, e por isso sempre pedimos uma transparência na saúde de Viçosa para ficarmos por dentro do que nossa população precisa. Infelizmente não soubemos a tempo dessa tragédia”, finalizou.
Texto: Thiago Fernandes
Foto: Edson Rocha/Jornal Folha da Mata
Revisão: Mônica Bernardi