Vereadores discutem em Audiência Pública sobre Memórias Ancestrais

por Assessoria de Comunicação publicado 22/11/2021 09h15, última modificação 22/11/2021 09h31

Foi realizada na noite da quinta-feira (18), no Plenário da Câmara, a Audiência Pública que discutiu sobre a temática “Memórias Ancestrais: a África vive em nós", com o objetivo de refletir sobre a importância do povo negro na constituição da sociedade brasileira e problematizar os processos de invisibilização da cultura e ancestralidade africana no País. O Requerimento nº 065/2021, que solicitou a audiência, é de autoria do Vereador Robson de Souza (Cidadania), Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Prevenção e Segurança Pública, que conduziu os trabalhos durante a sessão. Também estiveram presentes os parlamentares Bartomélio Martins (Professor Bartô) (PT), Rogério Fontes (Tistu) (PSL), ambos assinantes do Requerimento, e o Vereador Marco Cardoso (Marcão Paraíso) (PSDB), membro da Comissão de Direitos Humanos.

Para dar início à sessão, foram convidados para compor a Mesa Diretora a moradora do Distrito de Cachoeira de Santa Cruz (Cachoeirinha), Maria do Carmo (Mãe Du), o cidadão de Magé, município do Rio de Janeiro, José Eufrásio Beato, e a Coordenadora do Projeto Curupira do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), Rute Santos. 

Logo após, para compor a Tribuna de Honra foram convidados a Vice-Coordenadora da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) de Viçosa, Teresinha de Jesus Ferreira,  a Professora e  militante do Movimento Quem Luta Educa (QLE), Rosângela Souza, o Mestre de Capoeira Garnizé, o ex-Vereador da Casa, Sávio José, e o Professor e Historiador, José do Carmo. 

Abrindo a discussão, o Vereador Robson ressaltou sobre o Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, data do falecimento do Líder negro, Zumbi dos Palmares. Depois disso, por intermédio do Requerimento nº 066/2021, o parlamentar prestou homenagem ao Contramestre de Capoeira, Flávio Sebastião, em reconhecimento público aos serviços prestados em prol da arte e cultura no Distrito de São José do Triunfo.  “Ele vem fazendo um excelente trabalho junto às nossas crianças e adolescentes, há mais de 30 anos na nossa comunidade, e é mais que justo prestar essa homenagem hoje”, justificou Robson. Na oportunidade, Flávio Sebastião fez uma apresentação artística no Plenário e usou a Tribuna para agradecer pelo reconhecimento. 


Dando continuidade, os vereadores, convidados e público presente fizeram um minuto de silêncio em respeito às vítimas da Covid-19 e do preconceito na sociedade. Logo após, José Eufrásio foi convidado para sua fala sobre a Consciência Negra e suas vivências. “Dados de 2020 do IBGE mostram que 54% da população brasileira é negra e falar da Consciência Negra é nos permitir mergulhar de forma reflexiva em toda a história do povo preto no Brasil, escravizado na forma mais desumana de ser”, disse ele. 

A segunda expositora foi a Mãe Du, que fez a defesa da igualdade racial, da espiritualidade e farmácia viva. Depois disso, Rute Santos iniciou sua fala trazendo dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) sobre a população negra no Brasil. “53,6% da população brasileira é negra. 70% das pessoas que vivem em situação de extrema pobreza no Brasil são negras. 70% das pessoas que dependem do SUS são negras. 75% da população carcerária no Brasil é negra. Apenas um quarto da população com ensino superior no Brasil é negra. A cada 12 minutos uma pessoa negra é assassinada no Brasil”, disse Rute. Com a exposição desses números, ela reforçou a importância do Dia da Consciência Negra como resistência. 

Após as falas dos expositores da Mesa Diretora, o ex-Vereador Sávio fez suas considerações e corroborou com a fala da Rute, referente a luta da população negra todos os dias. “Essas memórias ancestrais servem para termos mais coragem, para termos exemplo dos que vieram antes e como eles não se entregaram, nós não podemos nos entregar. Enquanto a gente encarar o racismo como uma questão ética, moral e individual, ele não vai deixar de existir. Racismo é uma pauta estrutural e coletiva, é o maior mal desse País”, manifestou Sávio. 

Para encerrar as exposições, Teresinha de Jesus salientou que “a Consciência Negra tem que ser vivida e lembrada todos os dias”. O Professor José do Carmo aproveitou o momento para enaltecer as mulheres pela essência da vida e pelas grandes revoluções que aconteceram no mundo. A Professora Rosângela reforçou a importância da educação para transformar a realidade. Por fim, o Mestre Garnizé contou sua trajetória até se tornar mestre de capoeira e salientou a importância desse Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

A audiência também contou com uma ampla participação popular e os parlamentares Rogério e Bartomélio também fizeram suas considerações sobre o assunto, que pode ser conferido na íntegra pelo canal do YouTube da Câmara. 

Como encaminhamentos da sessão, Teresinha de Jesus sugeriu que sejam propostas políticas públicas para a população negra de Viçosa e que o dia 20 de novembro seja feriado municipal. 

*texto da estagiária Laura Fernandes sob a supervisão de Mônica Bernardi