Câmara aprova PEC que cria mais de 7 mil vagas de vereadores no país
Com as galerias do plenário lotadas de suplentes de vereadores, a Câmara dos Deputados aprovou na sessão desta quarta-feira (9) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 336/09 que aumenta em mais de 7 mil o número de vagas para vereadores em todo o país. Votaram a favor da proposta 370 deputados e, contra, 32 parlamentares. A PEC foi aprovada em primeiro turno e ainda deve passar por uma segunda votação no plenário da Câmara, para só depois ser promulgada pelo Congresso.
A aprovação da matéria, no entanto, não deve ter efeito retroativo às eleições
de 2008. A PEC não determina que os suplentes ocupem as novas cadeiras, apenas
estipula um novo limite de vagas nas câmaras municipais.
O país tem atualmente 51.748 vagas de vereadores. Pelo critério da proposta,
que distribui as vagas conforme o número de habitantes de cada município, a PEC
deve criar 7.709 vagas, se considerado os dados populacionais do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009. O texto original da PEC
fala, no entanto, em 8.043 vagas, sem observar os dados do IBGE.
Durante uma hora e meia, parlamentares contrários e favoráveis à matéria
ocuparam a tribuna da Câmara para debater o texto. O deputado Antônio Carlos
Biscaia (PT-RJ) condenou a proposta que amplia as vagas de vereadores por
iludir os suplentes. "Do jeito que está, essa PEC modificaria o resultado
da eleição, o que é completamente inconstituicional. Não vamos iludir esses
suplentes (vaias). Eles não serão diplomados pela Justiça Eleitoral. Isso é uma
ilusão", afirmou, sob vaias, Biscaia.
Já o deputado Fernando Coruja (PPS-SC) defendeu as propostas afirmando que a
matéria só deve produzir efeito nas próximas eleições municipais, que devem
ocorrer em 2012. "Nenhuma câmara municipal será obrigada a ampliar o número
de vagas. A eleição ocorreu sobre um determinado número de cadeiras, nem a
Justiça Eleitoral vai permitir que isso seja modificado", argumento
Coruja.
A PEC dos Vereadores foi aprovada no ano passado na Câmara e no Senado. Depois
de sofrer modificações, o texto teve de retornar à Câmara. Durante a análise
dos senadores foi retirado um artigo que determinava a redução do repasse de
recursos das prefeituras para os legislativos municipais. Como uma parte da PEC
foi aprovada sem modificações, ela poderia ser promulgada parcialmente.
O então presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), no entanto, se recusou
a assinar a promulgação por entender que os artigos estavam ligados e não
poderiam ter sido desmembrados. Ele teve o respaldo da Mesa Diretora. A decisão
foi mantida pelo novo presidente, Michel Temer (PMDB-SP).
O texto aprovado nesta quarta mantém as 24 faixas de números de vereadores
aprovadas pela Câmara no ano passado, mas muda a fórmula de cálculo das
despesas.
O substitutivo do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), aprovado em comissão
especial, não faz mudanças de mérito nas duas PECs, pois apenas reúne os dois
textos em um só. O Senado enviou duas propostas porque, inicialmente, havia
aprovado apenas o aumento de vereadores, desmembrando o texto da Câmara.
(Fonte: site globo.com)